SOUSA LOPES (1879-1944)

SOUSA LOPES (1879-1944)

“TRECHO DE VENEZA” – Óleo sobre madeira, representando em primeiro plano gôndola e barcos à vela a navegar no Grande Canal com as águas ligeiramente agitadas. Em segundo plano vista da ilha de San Giorgio Maggiore, sobressaindo a Torre sineira da Basílica de São Marcos. Obra assinada no canto inferior direito [Sousa Lopes]. O artista, durante a sua estadia em Paris como pensionista do estado Português, viajou por diversas vezes para Itália, pintando diversos temas de Veneza. Obras essas que estiveram expostas em 1917 na Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA). Interessante trecho Veneziano, onde surge as suas pinceladas, fortemente texturadas resultantes da influência do meio parisiense, numa envolvência entre coloridos intensos e na sua captação estética do tratamento da luz, que o mestre Sousa Lopes dá a estas obras italianizantes. Pintura a necessitar de ligeira limpeza e ligeiras falhas na camada pictórica. Trabalho com moldura em madeira e gesso dourada, decorada com cartelas geométricas e motivos vegetalistas, apresentando ligeiros defeitos.

Dim: 26,7x35 cm (Óleo)

Dim: 42,5x50,5 cm (Moldura)

 

Nota: Adriano de Sousa Lopes – Grande pintor modernista português. Nasceu no lugar de Vidigal, concelho de Leiria a 13 de janeiro de 1879 e faleceu em Lisboa a 21 de abril de 1944. Em 1898, inscreveu-se na Academia de Belas Artes, onde foi aluno de Veloso Salgado  (pintura) e Luciano Freire (desenho). Partiu para Paris em 1903 como pensionista do Legado Valmor na especialidade de Pintura Histórica. Frequentou a École Nationale des Beaux-Arts e, depois, a Academia Julian. Foi aluno de Fernand Cormon. Expôs em diversas edições do Salon d’Automne  (1904, 1905, 1906, 1908, 1909, 1912). Viajou para Itália em 1907, tendo regressado de novo a Paris. Em 1917, realizou a sua primeira exposição individual na SNBA em Lisboa. Nesse mesmo ano partiu para a Frente na Primeira Guerra Mundial como artista oficial, realizando uma série de trabalhos em que regista a acção do Corpo Expedicionário Português. Em 1918, instalou-se perto de Versailles e fez esboços preparatórios de composições sobre a Grande Guerra. A 31 de julho de 1919, foi agraciado com o grau de Cavaleiro da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Em 1923, expos em Paris. Até 1927 viajou pela Europa e pelo Norte de África, tendo passado temporadas em França e em Portugal. Nesse ano expos de novo na SNBA. Em 1927, Columbano Bordalo Pinheiro, designa-o para diretor do Museu de Arte Contemporânea em Lisboa, cargo que manteve até 1944. Porém, foi na pintura de paisagem que Sousa Lopes manifestou melhor a sua vocação pessoal: numerosas versões de marinhas, vistas de beira-mar ou de cidades e povoações de Portugal (Paisagem Portuguesa) e dos países que visitou (França, Bélgica, Itália, Marrocos, Espanha), aonde revelou uma dimensão atmosférica, ensaiando uma dissolução impressionista dos cenários e dos elementos, céu, nuvens, água, através de efeitos de luz e sombra e na sua dimensão cronológica, desenvolvendo uma atenção particular aos momentos ou às horas do dia e às transfigurações na percepção dos espaços induzidas pelas variações na luminosidade e no colorido das cenas. Está representado no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, no Museu Calouste Gulbenkian, no Museu Militar de Lisboa, no Museu de Leiria, no Museu da Sociedade Martins Sarmento, na Casa-Museu dos Patudos, no Palácio de São Bento e em diversas colecções particulares.

Ref. Biog. Dicionário de Pintores e Escultores Portugueses. [pág. 248, 249 e 250] // Michael Tannock. [pág. 90], com diversos trabalhos reproduzidos a cores e a negro. [Estampa Nº 10, 11 e 128].